segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Serpentes no Deserto - João 3.14-15

  Tantas falas de Jesus são consideradas tão importantes, mas muitas vezes não conseguimos entender nada! Parece que tudo deveria ser mais claro. Porém, esquecemos de ver a quantidade de anos que tem o texto bíblico, a cultura do povo que estava ouvindo naquele exato momento, e esquecemos de qualquer texto que pode estar relacionado direta ou indiretamente com o discurso de Jesus. Talvez esse texto de João 3.14-15 pode ser um deles. Mas quando discernido corretamente pode ser um dos textos mais lindos de toda a Bíblia.
  
  É interessante perceber a forma como as falas de Jesus eram embasadas no Antigo Testamento (Tanakh), sejam elas explicando uma passagem em sua forma literal ou utilizando-as como figuras ilustrativas.  Analisando João 3.14-15, podemos notar essa utilização de Jesus. Logo, para entender esta passagem é necessário entender Números 21.6-9. Colocamos lado a lado e começamos a entender o real significado dessa fala do Senhor Jesus.
  
  O povo judeu conhecia muito bem esta passagem. Eles cresciam ouvindo seus pais recitarem todo o Tanakh (Antigo Testamento), principalmente a Torah (Pentateuco, cujo livro de Números faz parte). Logo, o conhecimento dos ouvintes de Jesus naquele momento sobre este assunto era extremo. Por isso, não foi difícil a eles entenderem esse discurso como pode ser a nós. 

  A passagem de Números 21.6-9 demonstra um episódio do povo de Israel onde seu povo estava sendo atacado por serpentes venenosas no deserto. O texto deixa claro que muitas pessoas morreram. Por causa disso, Deus manda Moisés fazer uma serpente e colocá-la em um local visível ao povo. Quem olhasse para a serpente sobrevivia ao veneno mortal.

  Mas afinal, o que a passagem de Números tem em comum com o discurso de Jesus? O que ele quis dizer?!

  A realidade é que desde o Adão a humanidade está caída em pecado. Todos estão debaixo do pecado e condenados à morte. Não há um justo. Não há quem faça o certo. Seu livre-arbítrio está em apenas escolher qual dos pecados cometer, pois é escravo disso tudo! Este pecado que assola a humanidade desde o tempo de Adão é como uma serpente, ou melhor, é como o veneno de uma serpente. É mortal, impossível de tirar do corpo, e é questão de tempo para a morte.

  Porém, Deus enviou seu Filho para ser pendurado em um madeiro. E aí entramos na passagem de João 3.14-15. Como a serpente de bronze no deserto, assim é o Filho do Homem (Jesus). Todos que tem esse veneno em seus corpos (pecado) podem olhar para Cristo e sobreviver. Mesmo que a sentença seja de morte, pois o veneno é mortal, basta olhar para o Filho de Deus pendurado no madeiro e sobreviver. A salvação de todos os pecados e a libertação de todas as culpas, independente do que foi feito.




  Logo, podemos concluir que Jesus se referia ao veneno da serpente como o pecado, o povo de Israel como toda a humanidade e a serpente de bronze como seu sacrifício na cruz. Isso faz com que tenhamos uma passagem linda, pois demonstra de forma figurada todo o sacrifício e a verdade da salvação.


 Autor: Melo, Gabriel.